Não é só durante o Setembro Amarelo que devemos olhar para o autocuidado emocional.

(dicas de uma psicóloga para você levar para a vida)

Todo ano, quando chega setembro, vemos campanhas importantes sobre saúde mental. As pessoas falam mais de prevenção, de pedir ajuda, de estar atento a quem amamos. E isso é valioso. Mas cuidar da mente não pode ser assunto de um único mês. Autocuidado emocional não é um evento — é um jeito de viver.

Como psicóloga, vejo diariamente como pequenas atitudes consistentes mudam a forma como as pessoas se relacionam com suas emoções. E como alguém que também já precisou rever sua própria forma de se cuidar, posso dizer: esse é um processo contínuo, feito de escolhas cotidianas.

Nomear sentimentos é dar dignidade à experiência.

Muitas vezes passamos pelos dias sem nem perceber o que sentimos. Dizemos “estou cansado” quando, na verdade, é tristeza. Ou falamos “estou irritada” quando, no fundo, é medo. Quando você se permite pausar e dar nome ao que está vivendo, cria uma clareza que já traz alívio. É como se dissesse a si mesmo: “eu reconheço você, emoção, você tem lugar aqui”. Esse gesto simples já começa a organizar a vida interna.

Respeitar limites é um ato de amor-próprio.

A gente aprende desde cedo a agradar, a dizer “sim” para não decepcionar. Mas o custo de viver sempre ultrapassando seus limites é alto: exaustão, ressentimento, adoecimento. Colocar limites não é afastar os outros, é se proteger para poder estar verdadeiramente presente nas relações. Autocuidado emocional é também ter a coragem de dizer: “eu não consigo agora, mas posso depois”, sem culpa.

Pausas não são luxo, são necessidade.

Vivemos em um ritmo que exige muito da mente — e esquecemos que ela também se cansa. As pausas não precisam ser longas ou elaboradas. Podem ser momentos de silêncio, uma caminhada curta, escrever algumas linhas num caderno. Esses intervalos devolvem o contato com você mesmo. Quando você se permite parar, está dizendo ao corpo e à mente: “eu não sou uma máquina, eu sou humano”.

O apoio é parte do cuidado.

Existe uma ideia equivocada de que autocuidado é fazer tudo sozinho. Mas pedir ajuda é parte fundamental do processo. Seja conversar com alguém de confiança ou buscar acompanhamento psicológico profissional, compartilhar a carga emocional torna o caminho mais leve. Cuidar-se não significa dar conta de tudo — significa também reconhecer quando é hora de dividir.

Um espaço para se expressar.

Autocuidado também é ter um espaço onde suas emoções podem existir sem julgamento. Algumas pessoas encontram esse espaço em conversas profundas, outras em arte, música ou escrita. Eu tenho um carinho especial pela escrita terapêutica porque ela abre uma janela para dentro de nós: ao colocar no papel aquilo que parece confuso, a gente se vê com mais nitidez. Não é sobre escrever bonito, é sobre se escutar com sinceridade.

Apoio imediato.

Se você estiver em sofrimento intenso ou pensando em se ferir, procure ajuda agora. No Brasil, você pode ligar 188 (CVV – Centro de Valorização da Vida), 24 horas, gratuitamente, ou acessar cvv.org.br para chat/atendimento online. Em situação de risco imediato, procure uma emergência na sua cidade (por exemplo, SAMU 192, UPA ou hospital) e peça apoio a alguém de confiança.

Setembro Amarelo é um lembrete coletivo, mas seu autocuidado não pode esperar um calendário. Ele acontece quando você se reconhece, se respeita e cria espaços de pausa e expressão ao longo de todos os meses do ano.

Se você sente que está difícil demais carregar sozinho, saiba que buscar ajuda profissional é uma forma legítima — e muito corajosa — de se cuidar. Você merece esse olhar atencioso para a sua vida emocional.

Compartilhar post:

WhatsApp